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Design Solar: Discussão sobre aproveitamento de energia solar.

Muito falamos de design solar no projeto e construção da casa, isto significa como podemos aproveitar a energia que o sol nos fornece em todas as suas formas. A este tema, costumamos tratá-lo de forma teórica e/ou com alguns exemplos extraídos do arcabouço de conhecimentos a disposição nas redes de permacultores ou de nossas práticas pessoais.

Alguns exemplos práticos, e com detalhes construtivos, já foram postados aqui neste Blog. Assim podemos lembrar dos post sobre construção, produção de biodiesel, luzes led, aquecimento de água com o rocket stove, algumas engenhocas, etc. Mas queria fazer uma reflexão mais profunda e com propostas a respeito do tema energia solar.

Não me cabe dúvida que o aproveitamento da energia solar de forma direta é a forma mais eficiente de usarmos esta energia disponível de forma global e democrática. A energia solar, luz e calor, são as formas de expressão energética mais abundantes no planeta… Só falta a explicitação das possibilidades e meios para o seu aproveitamento e utilização.

As formas diretas de aproveitamento da energia radiante do sol são, por exemplo:

  • O design solar passivo no projeto de construção da casa, como por exemplo: o sol entrando pelas janelas no inverno (luz e calor), e evitar o sol no verão (calor);

  • a iluminação natural e o aquecimento de fluidos (pedra, ar ou água);

  • ventilação por convecção, que é o aproveitamento do calor como bomba convectiva para as trocas de ar;

  • acumulação de calor em massas térmicas durante o dia e liberação na noite fria, etc.

    Mas também existem formas indiretas de aproveitar a energia solar, estas requerem um pouco de conhecimento teórico e tecnologias auxiliares para concretizar a sua utilização. Por exemplo:

    • Aquecedor solar: aproveitar o calor solar (irradiação infravermelha) para aquecer e acumular calor em fluidos, como (água, ar, óleos).
    Aquecedor de água solar
    • Uso da energia: (luz solar) acumulada na biomassa como combustível, sejam sólidos (lenha), líquidos (biodiesel, álcool, óleo vegetal, etc.), ou gasosos (biogás, hidrogênio, etc.).
    Fogão com serpentina para aquecer água
    Fogão de lenha

    Conversão fotovoltaica de luz solar em

    • Conversão fotovoltaica de luz solar em energia elétrica.

    Dentro deste contexto queria fazer uma série de reflexões a respeito do aproveitamento da energia solar (luz) no momento em que estamos frente a possibilidade de falta de energia elétrica e racionamentos, pensando que esta situação tende a piorar nos próximos anos. Esperamos que, com o tempo, possamos mudar a matriz energética, e que as formas de produção de eletricidade dependam mais de recursos renováveis e de baixo impacto ambiental.

    Barragem hidrelétrica

    Na concepção permacultural gostamos de pensar de forma a resolver nossas necessidades, dentro do possível, de forma local e com baixo ou nenhum impacto negativo. Parte importante desta solução começa por REDUZIR o uso, usando Leds, não usando chuveiros elétricos, ou ar condicionado.

    O diagnóstico local a respeito a energia elétrica, tanto no projeto da Vila YvyPorâ (no pé da serra litorânea), como no projeto Waikayú (no planalto Catarinense), pode-se resumir da seguinte forma:

    • Resolver a questão da queda de energia elétrica, do provedor, de forma intermitente; que já chegou a faltar por até três dias.
    • Dentro do possível, ser autossuficientes em energia elétrica, colaborando com a diminuição da demanda de energia elétrica da rede local; e diminuir também, o impacto do aumento de preço e o racionamento da energia elétrica, previsto no pais, pela crise hídrica.

    Com esse intuito, e partindo da primeira questão, há cinco anos comecei um processo de pesquisa e análise da disponibilidade de equipamentos, dos seus custos e a qualidade destes para a produção, armazenamento e conversão de energia elétrica.

    No começo foi a necessidade de resolver as quedas de energia elétrica o que me mobilizou. Para isto decidi construir um nobreak grandão.

    No último ano, agregou-se a necessidade de pensar e buscar os meios para a produção de eletricidade local.

    Dimensionamento do equipamento básico (nobreak).

    Para isto fui registrando o consumo elétrico, dos aparelhos caseiros, os tempos de uso, e por último: Quanto de estes serviços tinham a ver, diretamente, com as necessidades básicas e o conforto a que estamos acostumados?

    Esta pesquisa, de serviços, a fiz baseado no consumo elétrico e potência instalada mínima, necessária na minha casa… Sempre para satisfazer as necessidades básicas e mantendo o conforto.

    Assim construi uma tabela com estas informações:

    Geladeira ou freezer (1)90 W (10 horas)900 W
    Ilha de Informática (comunicação)20 W (10 horas)200 W
    Luzes led (5)50 W (5 horas)250 W
    Televisão, rádio, som.100 W (5 horas)500 W
    Três ou quatro tomadas estratégicas (de baixo consumo), max. 5 A., de uso descontínuo.Potência:
    260 V.a/h
    Consumo/dia:
    1.850 W

    Deste modo cheguei à conclusão que com um nobrek de até 1 Kw, de potência, e com a capacidade de armazenamento em baterias de até 800 A (12 V * 800 A= 9.600 W ), era mais do que suficiente.

    Pode parecer nada! já que nas casas, atualmente, estão instalando potencias de 50 A ou mais. Quer dizer: 50A x 220V= 11Kw.

    Mas, a ideia é suprir as necessidades básicas frente a queda de energia. Quer dizer: manter os serviços essenciais; não é o intuito do sistema resolver o 100 % da demanda possível numa casa. O sistema é de baixa potência, baixo custo; é para manutenção do conforto e segurança.

    Para usos que requerem de alta potência instantânea usamos a rede elétrica local, esta nos abastece com até 50 A ou 60 A, em instalações monofásicas.

    A diferença de custos dos equipamento e a sua instalação crescem tanto, ao aumentar a potencia, que acabam inviabilizando a iniciativa. Pensemos na diferença entre investir algo como R$4.000 ou valores de $R 20.000, $R 30.000 ou $R 40.000 para cima (valores em $R, setembro de 2021).

    Então, a pesquisa me levou a provar diversos equipamentos, enquanto a qualidade e funcionalidade. Assim cheguei a conclusão de que, com um investimento acessível, dava para satisfazer as nossas necessidades.

    Do ponto de vista técnico a instalação de um nobreak requer: de um carregador de bateria (ou fonte de 12 V CC – 60 A); bateria/s de 12 V CC – 400 A; um controlador de caga 12/24/48 V CC – 40 A; e um inversor de corrente de 12 V CC para 220 V CA, e uma potência de 3000/4000 W . Então, todos dimensionados segundo os valores de potência e consumo elétricos previstos.

    Estes equipamentos devem ser sobredimensionados (em alguns em até o dobro, no que se refere a seus valores nominais), isto no que respeita a sua capacidade e potência. Assim se a potencia nominal é de 4000 W não superar os 2000 W na demanda de consumo. Desta forma duram muito mais e cumprem com o serviço previsto.

    Para isto instalei e interconectei:

    • Um carregador de bateria (fonte estabilizada, flutuante) de 12 V, 60 A.
    • Duas baterias (ácido/chumbo) de 12 V, 400 A c/u; total 800 A.
    • Um controlador de carga de 40 A.
    • Um inversor de corrente 12 V CC – 220 V CA, 4000 W. Onda Senoidal modificada.

    • Criando um Nobreak poderoso:

    Com isto se resolve a autonomia (em até três dias) no consumo elétrico que satisfaz as necessidades básicas familiares de comunicação (internet-modem-wifi), lazer (som, televisão), conservação de alimentos (freezer ou geladeira) e tomadas estratégicas para serviços de baixo consumo como podem ser um ventilador, carregar celulares, computador, etc.

    Logo poderei postar as discussões e instalação de um sistema fotovoltaico híbrido off grid (SFH – off grid). Que não é outra coisa que o nosso nobreak que também estara ligado a painéis solares.

    Observação: O que vem a seguir é para quem tenha interesse em detalhes técnicos detalhados, não é imprescindível para compreender o artigo.

    Na busca de equipamentos a preço acessível provei várias marcas e dimensionamento de equipamentos que se vendem no mercado; muitos deles são importados da China e considerados suspeitos, quanto à sua qualidade e durabilidade. Por isso os comprei super sobre dimensionados. Só que estes produtos, que não são homologados pelo INMETRO, custam muito menos. Além disso, a outra questão, é a discussão da onda do inversor; isto também influencia no custo do nosso equipamento. Um inversor homologado vale de 5 a 10 vezes mais que um sinusoidal modificado, para a mesma potência. Não discuto a qualidade do equipamento homologado pela INMETRO… o que falo é como resultado da relação custo/benefício.

    Não tenho nada em contra ao uso de um inversor de onda sinusoidal ou senoidal.

    Que, aliás, é a onda que requerem todos os equipamentos que usamos de forma cotidiana.

    Mas, muitos equipamentos suportam, ou se comportam bem, com onda sinusoidal modificada; quer dizer a onda quadrada corrigida.

    Em resumo: luzes, geladeira/freezer, os eletrônicos em geral, pequenos motores, resistências funcionam satisfatoriamente (sugiro sempre provar antes o equipamento a usar com onda modificada).

    Um outro tema são as baterias. Neste sistemas são necessárias baterias para a acumulação de energia para as horas em que não haja energia da provedora local ou, em sistema fotovoltaicos, quando é de noite.

    Baterias são hoje um dos fatores poluentes mais indesejados. Mas, podemos usar as baterias menos impactantes… e que por sorte são as mais baratas. As velhas e bem conhecidas baterias de ácido/chumbo, para que tenha mais de 30 anos lembrará dessas baterias, que usávamos no carro e que requeria de um cuidado cada vez que parávamos no posto para abastecer.

    Estas baterias são passíveis de ser recicladas, reusamos as carcaças plásticas e derretemos o material condutor (que é vazado num cadinho de refino e transformado em lingotes), que são vendidos como matéria prima secundária para a fabricação de uma nova bateria. A solução eletrolítica de ácido sulfúrico também e reutilizada. Dizem que hoje o Brasil está em condições de reciclar entre 80% a 90% dos componentes de uma bateria. As baterias que usamos são as ácido/chumbo ESTACIONÁRIAS, não é a bateria comum de carro. As estacionárias suportam bem as descargas profundas que acontecem nas horas sem recarga. Hoje a melhor opção são as que se usam nos carros com som, aqueles que passam infernizando a nossa vida! Bom, essas com 400 A/h, custam 1/4 por A em comparação com as automotivas.

    Autor:

    Um casal de permacultores participantes de um projeto coletivo, construindo sua casa, seu espaço e a sustentabilidade..

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