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12 de outubro

Na semana do feriado de 12 de outubro, Yvy recebeu a visita do amigo Itamar, do sítio Sete Lombas de Crisciúma. Com sempre, encontro entre amigos são grandes oportunidades para trocar, conversar, estar, e aprender!

Além de Itamar, estiveram lá, a nova geração: Lara, Rodrigo e Camila, uma visinha, que perguntando sobre permacultura, nos descobriu no Cacupé e veio passar uns dias conosco.

Na foto abaixo, parte da turma vendo as experiências com as tintas feita pela dupla Edla e Lara.

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Paredes, teto, telhas…E as chuvas de primavera!!!!

É primavera! Na região onde estamos- Santa Catarina, entre serra e litoral, é uma estação de muitas chuvas, muitas águas!

Para uma obra, que ainda não tem teto e que usa o solo, estas condições não são as melhores! Mas para um permacultor, problemas podem virar oportunidades! Nossa obra usa sempre um pouco de água, para dar consistência a mistura que vai ser usada. Neste período todo sempre trouxemos esta água da casa mãe, em galões de 50 litros.

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Como agora temos as telhas, compramos uma pequena caixa d’água de 340 litros e Mariani colocou uma das telhas inclinadas apontando para a caixa d’água, esperando recolher alguns litros…
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Sete de setembro- domingo

Fim de feriado… Bom, mas ainda havia muito o que fazer!

E como Yvy é um lugar de criar e se divertir, há espaço para tudo! Lara resolveu pegar a lixa e começar a ver o que havia por baixo da tinta cinza das portas da casa Mãe… E não é que a Flaca se atracou com a lixadeira e descobriu uma linda porta de peroba e canela! Coisa do Kunn, construtores da casa em 1929.

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Sete de setembro- sábado

No sábado seguimos no nosso mutirão!

Uma das boas coisas de se compartilhar o construir um espaço, é que cada um possa ver e vivenciar atividades distintas num mesmo dia… Na nossa proposta de construir a “casa em gomos” neste final de semana, fizemos alicerces, peneiramos terra, levantamos paredes, colocamos pilares e ainda chegamos ao telhado, tratando com linhaça os caibros colocando-os no lugar. Quer dizer, do “chão ao teto” fizemos um pouquinho de tudo!

Neste dia, Gardel e Simone, nossos “quase vizinhos ” do sítio Curupira, e Carol, do Pronera, estavam programados para nos visitar, além da turma que estava lá: Tomaz, Lara, Cecilia, Rodrigo, Edla, Zeca, Suzana e Jorge.

Infelizmente, Gardel veio sozinho, mas chegou cedinho e logo fomos para a obra!

Socar paredes, e fazer um pequeno trecho do alicerce para podermos colocar mais um pilar, o que fecha a face Norte, foi a tarefa do grupo neste dia. Edla resolveu “atacar” e reformar os canteiros da casa Mãe, no qual plantamos no final do dia mudas de olerícolas trazidas por ela. O resto do pessoal foi todo para a obra…

Na foto abaixo, Zeca, Gardel fazendo o alicerce com as pedras para fixar o pilar:

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Sete de setembro- sexta feira

No curso de Bio construção do Beira Serra em Botucatu, em julho, Tomaz e mais uma turma de SP propuseram uma visita e um mutirão na casa da montanha no feriado de 7 de setembro. Bom, de SP veio o Tomaz ( fiel amigo e parceiro de sempre!), e daqui de Santa Catarina mais um monte de gente! Zeca e Edla, parceiros de Yvy, Gardel do Curupira, Cecilia, Lara, Rodrigo, Carol, e os visitantes Ana, Álvaro e Clara

Na foto abaixo, as meninas: Edla, Ana, Clara e Suzana com nossos lírios vermelhos que florecem na primavera ao lado da casa mãe.

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Um mutirão é algo muito fácil de se transformar num MENTIRÃO, como diz o Angelo Rayol, permacultor lá de Lumiar RJ… Continuar lendo “Sete de setembro- sexta feira”

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Julho, voluntários e a “quase porta”…

Depois de um longo período fora, em outras atividades, retomamos a obra da casa da montanha!

Tivemos uma semana de frio moderado, quase primaveril, acolhendo os voluntários, Révero, parceiro do Pronera e Daniel, o mineiro que chegou como voluntário e depois de 10 dias juntos viramos “amigos desde sempre”!

Em cada etapa da casa algo se aprende! Nesta semana trabalhamos na parede da porta de entrada da casa- uma porta comprada numa loja de demolições, de canela, duas folhas com janelinhas! A porta deverá ser restaurada mais tarde. Assim, nosso vão estava definido- 1m de largura.

A “novela das madeiras”.. Bom, quando se olha uma casa pronta, a gente tem a fantasia de que todas as madeiras são retas, perfeitas, e o que não é reto… não serve! Uma idéia quase infantil, não é! Mas ao se fazer a casa, a história é bem outra!

Na foto abaixo as vigas laterais da porta de entrada.

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Bem, nossas vigas e caibros foram cortados de árvores de Eucalipto Citriodora, com mais de 30 anos! Uma madeira linda, pesada como ela só! MasEucalipto tem uma fibra bem especial, longa e “enroscada”… As vigas, estaleiradas há um ano já secaram. Madeira, dizem os antigos, deve ser cortada quando a seiva está no pé! Lua nova de meses ser R ( maio, junho, julho e agosto). As nossas foram cortadas numa lua nova de julho do ano passado, por isso tem suas formas definidas. Achar uma viga reta, sem barriga ou na forma de uma banana é coisa rara! Assim, temos que trabalhá-las e arrumá-las no local, na obra, na parede, antes de socar a terra. Para isso usamos caibros, tacos, alavancas, tirantes de arame puxando… uma ginástica!

Na foto abaixo, Revero e Jorge colocando as ripas “corretoras” na parte de baixo das paredes ao lado e da porta.

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O início de cada parede é um trabalho lento, difícil, pois tem-se que colocar uma tábua no alto dos pilares, colocar as vigas laterais de janelas ou portas, ver o prumo, alinhar as madeiras… Isto leva tempo e é um trabalho essencial, pois dele dependa o quão “reta” e equilibrada ficará cada parede!

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Na foto acima Suzana e Jorge na porta da casa, já com o batente dfo alto da porta que ajudou a “aprumar” as madeiras:

Depois disto é preparar a terra e socar! Fizemos algumas experiências e o ponto de umidade é importante, assim como a mistura caprichada, o socar e socar, isto deixa a parede mais uniforme! Jorge trouxe outra boa dica do Bio contrução do Beira Serra em Botucatu: a primeira “passada” do socador deve ser bem suave, com a função de dar uma espalhada boa e uniforma na terra. Depois passa-se a socar com mais vigor!

Também observamos que nossos voluntários socam a terra muito bem… É o ânimo da moçada que chega!

Depois de 4 dias de trabalho, com estes dois amigos, saimos de Yvy Porã com uma das paredes ao lado da porta pronta e a do outro lado já começada.Nesta última foto Jorge e Daniel colocando a última forma de uma das paredes.

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Terceira parede

Maio se foi, foi um lindo mês, com um frio danado, mas com cores no céu e nas plantas que sempre nos surpreendem e encantam.

Maio também trouxe uma nova rotina para nós, mais tempo em Yvy Porã. Nesta época a grama, os pastos, o verde, muda de cor, e não cresce tão rapidamente- o que faz “sobrar” tempo para outras atividades, além de cortar grama, manter os caminhos roçados e as frutíferas sem pasto abafando-as.

Neste início de junho, Jorge dedicou-se bastante à nossa obra, e as paredes cresceram! Claro que vamos aprendendo, pegando as manhas, e agilizando procedimentos que no início eram todo um mistério!

É engraçado lembrar de conversas e dilemas sobre como colocar a primeira forma, como começar a socar? Há frestas entre o alicerce a forma…o que fazer?

Agora outros dilemas aparecem, e sabemos que iremos solucioná-los da mesma maneira- vivendo cada dia com a sua preocupação e a sua solução!

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Nesta etapa, estamos na terceira parede, que tem uma imensa janela para a varanda. Nos deparamos com alguns problemas e suas soluções:

  • formas pequenas de uma tábua apenas, ajudam o trabalho individual, e vão super bem nas paredes laterais às aberturas.
  • nesta forma é preciso socar com menos quantidade de terra, senão não compacta bem.
  • caprichar na mistura terra+areia+cal é fundamental, se ela fica pouco homogênea também compromete a compactação.
  • observe sempre ( isto é um dos princípios da permacultura propostos pelo David Holmgren), pois o seu solo pode mudar um pouco, ai equilibre a mistura na proporção já falada anteriormente.
  • formas pequenas podem rachar… Esteja preparado para trocas, pois uma trinca faz com que barrigas apareçam na sua parede. Sim, é incrível, mas é verdade!

terrasu.jpgNa foto acima, Suzana fazendo a mistura para a parede.

Como estamos trabalhando com pilares que vão sendo “amarrados” às paredes, e temos um poste fixo, colocado no chão no meio da obra, temos estas tábuas, fixando cada pilar à medida que vamos levantando as paredes. São como raios de uma roda de bicicleta dando estabilidade ao conjunto. Às vezes são nosso apoio, para colocar escadas, andaimes, tábuas, etc. Outras vezes nosso incômodo, principamente para “pequenos” como Jorge, que podem bater a cabeça nos raios que ficam mais baixos…

Nosso pilões para socar são 3, um maior, que faz o trabalho pesado, e este deve sempre estar forrado com plástico preto, para que a terra não grude embaixo. Com este forro fica absolutamente nivelada a terra ao ser socada. Os outros dois são caibros menores, cortados a 45° para poder socar nos cantos e nas bordas. Socar bem é outro segredo, ainda queo cansaço do dia seja forte, ainda que seja mais devagar… Calma- soque bem, vale a pena!

E assim seguimos, numa semana do Jorge trabalhando sozinho e nós dois juntos na sexta e sábado, terminamos a terceira parede da casa, colocando o travessão da janela da varanda e socando os lados até 2,1m.

Agora junho terá um espaço de poucas atividades, pois teremos cursos em Curitiba e depois em Botucatu, além de outras atividades! Mas saimos com esta bela foto com as luzes do por do sol, e um frio que chegou sem aviso no final da tarde.

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Finalmente…paredes lindas!

No mês de abril e maio nossa rotina de ida a Yvy foi quebrada. Tivemos o curso com David Holmgren, co-fundador da Permacultura, que esteve em Floripa. O curso foi importante, e os dez dias de convivência com David e Susan, sua companheira, foram realmente especiais.

Na foto abaixo, David, Jorge e Suzana na nossa casa em Floripa.

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Este casal montou uma unidade familiar de permacultura chamada Melliodora (na Austrália) e conviver com eles, discutir, respirar, compartilhar experiências em permacultura foi importante. (ver site do David no blogroll).

Jorge e eu nos sentimos profundamente tocados, incentivados a cada vez mais criar o espaço de Yvy Porã, tanto o nosso, pessoal, como o espaço de acolher pessoas.

Depois desta vivência, Jorge decidiu que, nos tempos onde não estivesse dando cursos, estaria mais tempo em Yvy Porã, seguindo a construção da casa. E assim tem sido, o que deu uma acelerada na nossa obra! Também tivemos a ajuda do Rodrigo, nosso samurai do Pronera, sempre bem humorado e disposto a aprender, do Luiz, estudante da 25 de maio, a Carolzinha, prof. de ciências, o Mariani e a Bel, parceiros de Yvy Porã- pessoas queridas e amigos especiais!

Ao subir as paredes fomos nos dando conta de que socar acima de 2m fica muito incômodo, pesado, a pessoa que soca fica numa posição instável, etc. Já havíamos conversado sobre a possibilidade de usar taipa apenas até a altura das portas e janelas 2,1m e depois fechar com outros materiais, como vidro, madeira, pau-a-pique, etc. Assim, quando realmente chegamos aos 2,1m esta possibilidade virou opção!

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Na foto acima Jorge socando a parede ao lado da janela da varanda a 1,90 do chão! Neste ponto ainda há a possibilidade de colocar o pé como apoio na forma. No próximo nível, isto fica inviabilizado, e a instabilidade cresce ainda mais!

Quer dizer, as paredes de taipa sobem até a altura das aberturas. Ai receberão uma vida de madeira e daí para cima, fechamentos alternativos.

Na foto abaixo a nossa primeira parede com a abertura da janela da cozinha.

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As paredes ficam protegidas por lona plástica, para que não recebam chuva, pois ainda não foram rebocadas e também não temos o teto. Asssim a secagem é lenta, na foto acima percebe-se pela cor o tempo de feitas. As mais claras, nesta foto, tem 6 semanas de feitas. (foto final de maio de 2007).

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Paredes subindo…

Misturar areia, cal e barro, socar paredes… Uma rotina e tanto!

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Na foto acima Jorge iniciando a segunda parede. No pilar pode-se ver os arames farpados da amarração.

Aos poucos vamos pegando a manha, e o sabor de cada pedaço que sobe e vai dando formas à casa… A sensação disto é indescritível.

A terra deve ser socada, para que os grumos ou “pedras” de barro não atrapalhem a compactação dentro da forma. Assim, fizemos uma grande peneira, com tela de galinheiro, e vamos desfazendo os grandes morros de terra passando-a pela peneira. As bolotas que sobram serão usadas para dar o nível do piso da construção, e a terra peneirada vai para as paredes.

Na foto abaixo Suzana peneirando a terra.

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A msitura é um dos grandes segredos da taipa socada, segredos que se descobrem ao fazer a casa. Misturar bem, ainda que os braços se cansem, é sinônimo de parede uniforme.

A primeira parede, onde ousamos, experimentamos e erramos foi fundamental. Na segunda, aprendendo sobre as experiências feitas, analisando os erros e revendo os caminhos, a coisa vai andando muito rapidamente!

Os lados do octógono tem 3,15m. Na primeira parede, única sem nenhuma abertura, nem porta, nem janela, colocamos um pilar de medeira de 15cm por 5 no meio. Isto facilita muito o socar a terra.

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Nas outras estes pilares não roliços, já fazem o marco das abertura, ou seja, são os batentes das portas ou das janelas, e cada parede acaba tendo 3 partes. Fica uma casa meio enchamel…

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Nesta foto Jorge, Suzana e Rodrigo colocando o pilar que divide a segunda parede em 3 partes, pois teremos a janela no meio.

As aberturas serão feitas pelo Jorge na própria obra, fora a porta de entrada, que compramos numa demolição, e uma veneziana que uma amiga ia jogar fora e nós pegamos!

Nesta foto a parede antiga, com suas trincas e erros, e a parede com o teste da mistura “boa”, descrita na postagem anterior. ( foto de março de 2007)

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Amarração das paredes

Mas, as paredes ficam de pé? Elas não caem? Elas ficam assim, soltas? Estas são perguntas frequentes quando se fala em construções com terra.

O encontro ou junções de materiais distintos, como madeira e tijolos, madeira e terra, nunca é simples, pois estes materiais tem dilatação e trabalham de maneiras diferentes. Então, mesmo se você for fazer uma casa de tijolos, com estrutura e pilares de madeira, acostume-se a ter uma dilatação, uma trinca entre estes materiais.

Bem, mas e a nossa casa, como fica em pé?

Os pilares:

amarrados nos baldrames do alicerce. Dalí saem dois tirantes que fixarão as vigas do madeiramento do telhado. Quer dizer, o telhado estrá ancorado no chão. Estes tirantes ficam dentro das paredes de terra, rentes aos pilares.

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As paredes:

a cada 0,5m há um arame farpado que passa dentro das paredes e através dos pilares (por um furo nos mesmos). Isto é uma cinta que amarra as parede de terra ao pilar de madeira. Esta cinta é pregada a cada tramo, na madeira, para o caso de uma romper, não solta todas.

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Na foto abaixo detalhe dos pilares onde se vê os arames farpados que vem amarrando as paredes.

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Assim, quando se constrói com tijolos as paredes são amarradas pelos próprios tijolos, ou num modelo igual a este, com pilares e panos, cada parede seria amarradas com barrinhas de ferro que prenderiam as paredes aos pilares. Nas paredes da casa de taipa são amarradas com fios de arame farpado a cada 50 cm em todo o seu perímetro.