Aqui vamos discutir o aspecto autonomia alimentar numa moradia, ou seja, o entorno da Casa da montanha, as propostas, os encaminhamentos, os problemas e soluções para a obtenção de alimentos para consumo da família.
Nossa história enquanto espécie humana sempre vinculou a moradia à alimentação. Quando coletores e caçadores nômades as habitações são cavernas, cabanas, ocas, tipis, yurts. Ou seja, são moradias transportáveis. A casa acompanha a necessidade de mobilidade em busca dos alimentos. Na foto abaixo um Yurt, tipo de habitação comum aso nômades do hemisfério norte.
Quando a cultura não é nômade começamos a construir em um local propício à produção de alimentos… Mas nossa cultura urbana desvinculou a moradia e o alimento, vinculando a moradia ao poder econômico- um bairro assim, uma casa cada vez maior, etc.. Não plantamos o que comemos, nada, nada! Mas temos dinheiro para comprar os alimentos que desejarmos… Nos esquecemos do plantar e ignoramos a qualidade do que comemos… Afinal temos dinheiro- também para pagar o plano de saúde…
A Permacultura retoma esta questão, é necessário, saudável, é humano plantar e saber o que se come! David Holmgren e Bill Mollison propõem que cada cantinho de terra ao redor da casa tenha alimentos plantados, criam-se estruturas verticais como cercas, sebes, espirais de ervas a fim de criar micro climas e aproveitar todo o espaço em cultivos. Isto e chamado de Zona Um: a casa, seu entorno com canteiros, hortas, etc. Chama-se Zona Dois a parte um pouco mais distante da casa, como pomar, o galinheiro, etc.
Também fala-se que a permacultura é nossa capacidade de relacionar coisas, fazer conexões entre os elementos à nossa volta. No contexto de produção de alimentos a criação de animais sai da indústria, do mal trato a animais e volta para o trato caseiro, doméstico, com outra relação de escala… Não há um design feito por agricultores sem animais de criação- como porcos, galinhas e se der uma vaca. Assim como é absolutamente raro encontrar famílias originárias e que vivam do que produzem vegetarianas… Num design bem feito tudo se relaciona…
Na foto abaixo Elena e seu avô Rui colhem as peras do chão ao lado da casa, para alimentar os porcos do sítio Raízes. Pode-se observar as frutas no canal de infiltração que acumula água e nutrientes para as frutíferas.
Na Casa da Montanha temos bastante espaço, estamos dentro de uma estação de permacultura com 92hectares, e destes 70 são de mata nativa. A área chamada zona 1 da nossa casa é o cume de um morro (ver página Orientação solar e Localização relativa), e como definimos onde seria a casa logo que compramos a terra, fomos plantando as árvores frutíferas e leguminosas ao redor da casa, cultivando o que poderia ser parte da Zona 2…
Algumas plantas foram desenvolvidas a partir de sementes, outras foram mudas compradas, temos laranjas, peras, pêssego, lichias, tamarindo, castanhas do maranhão, nêsperas, carambola, cereja, nona, caquí, abacate, pitanga, acerola, araçá, limão, ingá e entre elas nitrogenando solos e fazendo meia sombra as leguminosas: Ipês, algarrobos, timbós, pata de vaca, jacarandás, acácias… Muitas vezes ouço as pessoas dizerem “ah! plantar frutas é difícil, elas demoram muito para começar a produzir”.. Bem e quanto mais se demora em plantar, mais se demora em colher!!!! Por isto plantamos as frutíferas antes mesmo de fazer a planta da casa! Como já temos mudas de 3 anos, daqui a uns 2 anos ou 3 deveremos começar a ter frutas…
Na foto abaixo a parte sudeste da casa da montanha, vendo-se algumas frutífera em suas panelas e os caminhos roçados. As ilhas de biomassa são dos capins nativos que vamos deixando por ali.
Nosso solo anteriormente sobrepisado por 30 anos de pastoreio seguido rapidamente foi restaurando-se e dando lugar a várias espécies de capins nativos, que formam um enorme biomassa. De um lado é algo que qualquer permacultor deseja: biomassa para fazer mulsh… Mas para a mudas isto significa uma grande competição… Para um permacultor um problema significa muitas possibilidades…
Assim, para plantar as frutíferas:
1- Fizemos panelas, que começam com uma roçada de uma círculo de uns 2 ou 3m de diâmetro. Esta roçada tem como objetivo diminuir a competição por luz, por nutrientes, etc entre as garmíneas locais já instaladas ali e a muda que virá.
2- É feita uma capinada no centro, numa áreas de 1m² onde no será cavada a panela e plantada a muda. Esta capinada visa tirar as raízes do redor da muda, favorecendo o seu desenvolvimento.
3- É cavada a panela ou berço para a muda, deixando a área capinada plana, a fim de que a água quando correr caia ali e se escoe lentamente, deixando ao redor da muda a maior parte dos nutrientes. Isto também ajuda a conter a erosão, fazendo com que ao redor das mudas a água corra lentamente.
4-Depois de plantada a palha cortada é colocada ao redor da muda a fim de manter o solo úmido e abafar o crescimento das possíveis competidoras. Com a compostagem da palha também vai criando solo e aportando nutrientes sobre as raízes da muda.
As fotos acima são de uma plantio de uma muda de jacarandá feitas em Yvy Porã por Edla e Suzana em janeiro de 2006.
A manutenção destas frutíferas vem sendo feita apenas com roçadas ao longo do ano, onde deixamos a palhada sobre a anterior alimentando o solo. Também deixamos os caminhos entre as plantas limpos, fazendo um “bordado” com as gramíneas locais e as árvorezinhas que crescem. é interessante que na imagem do Googlearth pode-se ver a área da nossa zona 1, as panelas e estes caminhos…
Para saber mais:
http://www.permear.org.br – na infoteca ver artigos e álbum de fotos.
http://www.setelombas.com.br – construção do Tipi
Fukuoka- ” A revolução num rastro de palha”
Gostaria de maiores informações, onde posso fazer um curso de permacultura, quanto tempo de hospedagem, e o custo no Yvypora.
No aguardo.
Por enquanto, em Yvy Porã ainda não temos estrutura para cursos, mas Jorge e eu ministramos cursos em outros lugares!
Agora em julho estaremos em Lumiar, RJ, dando um curso juntamente com outros 2 permacultores. Este cursos sairá por R$600,00 incluindo materiais, alimentação… PAra maiores informações encaminho o link:
http://www.permear.org.br/eventos/curso-de-design-em-permacultura-pdc-7/
Olá!
Vocês tiveram muito trabalho para manter essas árvores? Pois me lembro de Jorge nos dizendo, em Curitiba, se eu estiver certo, que esta não foi a maneira mais adequada de plantar frutíferas, já que não acompanha todo o processo de sucessão.
Poderiam falar um pouco mais sobre isso? E como estão essas árvores hoje?
Obrigado.
Olá, Murilo
Em Yvy Porã, nossa ansiedade em plantar as frutíferas não nos permitiu esperar e plantar ANTES as leguminosas… Assim, plantamos tudo ao mesmo tempo!
Hoje, das mudas de sementes, estamos colhendo pitangsa, as primeiras laranjas e bergamotas e figos… As parreiras já deram algumas uvas. As leguminosas estão ENORMES e as pioneiras nativas povoaram o espaço ( vassouras, embaúbas e agora os manacás…). sem falar das bananaeiras que já dão há 2 anos…
Ainda temos que fazer algumas “capinadas”, roçadas pois nossas gamíneas nativas são fortes e ainda competem muito com as árvores que começam a fazer sombra..
Como podes ver no video postado agora em junho, o “mato cresceu”…
A capacidade de reconstituição da natureza é espantosa!
Certo,
obrigado Jorge e Suzana,
espero um dia poder ir visitá-los.
legal de mkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.asssssssssssssssss; kkkkk
oi …moro no cerrito e estou em busca de parceiros com para projetos de permacultura…
Oi, Ana
Estamos também em São José do Cerrito – SC. Você ja fez PDC? Me conte mais.