Publicado em banheiro seco, Tratamento de efluentes

O banheiro seco- parte externa

Quando se fala em casas ecológicas um ponto que sempre levanta questões e dúvidas é o tratamento de efluentes, principalmente sobre o sanitário. Na Casa da Montanha, desde o início planejamos a construção de um banheiro seco ou o chamado sanitário compostável. Este sanitário é uma proposta onde os resíduos (fezes e eventualmente urina) se misturam com serragem e na reação Carbono+ Nitrogênio ocorre a compostagem, transformando fezes em adubo.  Uma das questões que aparece é sobre os modelos e os custos da construção do banheiro, sua funcionalidade, se tem cheiro, etc etc… Bem, a Casa da Montanha tem como princípio a emissão Zero, ou seja, sermos responsáveis pelo lixo ou efluente que produzimos, isto é, devolver a natureza produtos limpos: esgoto vira composto- ou como dizem “COMBOSTO”…

Fizemos o banheiro no corpo da casa, para respeitar a questão de praticidade e conforto, e pensamos numa estrutura menor e mais simples do que as tradicionais, com duas câmaras para a compostagem. Fizemos uma câmara simples, com uma bombona de plástico dentro, que irá recolher o material. Mas um ponto é fundamental: a FUNCIONALIDADE. Para isto é preciso rigor no projeto: deve compostar, deve não ter cheiro e deve ser agradável esteticamente, porém nesta ordem! a estética segue a função e não o contrário!

Nosso banheiro seco fica no corpo da casa, na face oeste. Ele será um modelo simples, com uma rampa bem íngreme (mais de 45º) que cai numa câmara fechada, com paredes de tijolo maciço e tampa de metal pintado de preto. Desta cãmara sai uma chaminé que puxa os odores para cima. Na foto abaixo o começo do buraco, a tábua simula a rampa.

bs buraco

Dentro da câmara teremos uma bombona de plástico de 100 litros que quando cheia será trocada por uma nova. A bombona cheia que foi retirada será colocada ao sol para terminar de compostar por 6 meses pelo menos e depois colocadas no minhocário a fim de ser transformada em húmus.  Esta bombona tem 70cm de altura, assim, o buraco deve ser mais fundo do que isto, e ter uma “folga” para podermos colocar e tirar sem dificuldades! Na foto abaixo o detalhe  da câmara de compostagem e a instalação da chapa e da chaminé. O cano branco que cruza a câmara é o cano das águas cinzas do chuveiro que vai para o círculo de bananeiras, ou seja, não faz parte da estrutura do banheiro seco.

Para um banheiro seco funcionar é sugerido que a rampa tenha uns 2m de comprimento, mas não temos este desnível, assim, para manter  uma distância entre o vaso e a bombona, decidimos cavar uns 40cm o solo, para ter a câmara de compostagem com uma certa altura. Esta idéia veio de vivências de outros permacultores, com rampas menores e também pelo contexto de ONDE e PARA quem é este banheiro: numa casa, para duas pessoas… Ou seja, num local com uma demanda pequena e possível de avaliar, rever e reverter problemas com o tempo! Assim, além de cavar o buraco onde vai o recipiente que recolherá os resíduos, ainda providenciamos um dispositivo para eventual limpeza do local: colocamos um cano com caimento no fundo que permitirá a limpeza do banheiro seco quando houver a troca das bombonas. Ou seja, não é um dreno de uso cotidiano do banheiro, mas um dispositivo para a manutenção e limpeza, se necessária, deste local de compostagem.

Fizemos a câmara de compostagem de tijolos, fechada hermeticamente, para evitar que animais entrem e possibilitar que a temperatura seja adequada ao processo. Para isso a construção da tampa e da chaminé exigem cuidados: a tampas são de chapas de zinco nº28, pintadas de preto para absorverem calor e esquentarem com o calor do sol, como mostra a foto abaixo, onde Suzana pinta as placas de metal.

A chaminé, pintada de preto e a tampa recebendo sol aquecerão o local, elevando a temperatura da câmara, o que acaba matando a maioria dos patógenos e irá acelerar o processo da compostagem. A quantidade de serragem deve ser mais ou menos a mesma do volume do que foi colocado, ou seja, uma caneca. É comum as pessoas acharem que é preciso colocar MUITA serragem, o que alguns permacultores chamam de “sindrome do gatinho” que quer esconder as fezes! No entanto isto faz com que sobre muito carbono, e o material não composte como deve!

Na foto acima a cãmara com a chapa e a chaminé já pintadas de preto, e também a parte que receberá a porta, que aparece na foto abaixo, a estrutura do marco em madeira recebeu as chapas que tem aba de 4cm além do marco e que ficará “colada” às paredes mantendo fechada a câmara de compostagem… No próximo post mostraremos a parte interna do banheiro seco e seu funcionamento.

Autor:

Um casal de permacultores participantes de um projeto coletivo, construindo sua casa, seu espaço e a sustentabilidade..

16 comentários em “O banheiro seco- parte externa

    1. OI, Luana
      Sim, recebemos visitas, mas temos algumas etapas para isto:
      – em primeiro lugar navegue pelo blog
      – depois entre em contato por mail para nos conhecermos um pouco mais
      – Ai vamos combinando os detalhes da visita, datas, regras de Yvy, etc…
      Um abraço
      Suzana

  1. Oi..;
    E como fica a questão do xixi? tem que ficar separado? Dá para reciclá-lo?Posso jogar fezes de animais domésticos, por ex:gatinhos???

    1. Olá!
      No nosso banheiro seco a urina via diretamente para o circulo de bananeiras. Se alguma urina vai para o BS, bem, será mais nitrogênio na compostagem. Lembre-se que urina é um SUPER adubante foliar, assim, muitos permacultores o usam, numa diluição 1:20 e regam as plantas, que ficam muito felizes!
      Sobre as ferzes de animais domésticos, sugerimos fazer outra compostagem, por exemplo, numa bombona de plástico, colocando serragem e fezes e deixado compostar. Depois coloque nas plantas.

  2. ola, parabens pelo projeto e pela casa.
    tive uma duvida quanto a bombona q fica no sol durante 6 meses.
    ela fica totalmente fechada? apenas uma tela?
    abraço.

    1. Daniel
      A bombona fica ao sol, fechada com uma tela para não entrar bichos e ao mesmo tempo possibilitar a evaporação das águas. Atenção, não deve entra água nela… Assim ela fica em um lugar coberto.

  3. Olá senhor Jorge, fico muito alegre em poder saber que existe alguém com inteligencia o suficiente para usar os materiais existente na natureza com a finalidade de construir uma casa ecológica e mais barata. Adorei sua idéia da casa na montanha. Gostaria muito em lhe conhecer pessoalmente, pois como é engenheiro eu sou empreeteiro de obras e gosto de construi gastando menos e de forma inteligente. Com tanta experiencia, seria um prazer conher alguém que com certeza tem muito a ensinar.Eu ficaria grato em aprender algumas coisas com sua pessoa.

  4. ola ..parabéns pelo blog! gostaria de pedir uma ajuda tenho uma chácara e crio um porquinho queria aproveitar as fezes mas não tenho ideia como fazer uma fossa ou outra coisa tipo assim sera que podes m ajudar abraços..

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